HOW TO MAKE MUD CAKE

HELENA UAMBEMBE

HOW TO MAKE A MUD CAKE, 2021

A “receita” para este trabalho foi criada em colaboração com os filhos de Pomfret. “Seu bolo deve ficar bem”, instrui Uambembe, “para esconder todas as imperfeições e traumas que vêm com a vida de Pomfret.”

Na África do Sul, há um significado substancial dado à terra, a sua restauração. No entanto, o governo alocou soldados militares migrantes em Pomfret, conhecida como uma antiga cidade abandonada de mineração de amianto, embora o amianto seja considerado mortal para os humanos.

“Como fazer um bolo de lama” mostra como a migração forçada do 32º Batalhão de Angola para a África do Sul tem um impacto físico e espiritual na luta pela terra; nisso, a sensação de sepultamento em um lugar que não é o lar. A analogia é realizada com a era pós-colonial, as repercussões de uma Angola independente e a ideia de liberdade. “O que vem com isso? O que as crianças acarretam com elas? – vestígios de colonialismo, vestígios de assimilação, vestígios de violência”. Assim, os avisos impressos na sarapilheira vêm como uma metáfora para os avisos de alérgenos que vêm nas caixas de alimentos e são consequências reais de anos de colonialismo, invasão, perturbação da vida de outrem e estão encobertos em jogos infantis.

A atuação de Helena comumente apresenta uma catana como adereço. É uma afirmação que delineia a dualidade do objeto, a domesticidade e o perigo que ele representa. Em lares africanos, é funcional na cozinha, no corte de alimentos ou no lavor. Por outro lado, pode ser violento, a agudeza é perigosa até mesmo fatal, pode ser usada como arma, mas muitas vezes essa utilidade é vulgarizada.