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Kimba Sec – Modernidade Fantasma

15 Apr, 2022 - 30 May, 2022

EDSON CHAGAS KILUANJI KIA HENDA | WYSSOLELA MOREIRA NELO TEIXEIRA | TOY BOY | IRAD VERKRON

“Na altura em que o edifício foi projectado, ainda persistia uma terrível carência de habitação, em particular aquela destinada à burguesia emergente. (…) Depois com o súbito excesso de oferta e o fim da era do petróleo, o mercado ruiu. A sociedade responsável pela Termiteira foi forçada a baixar os preços.
(…)
Muitos dos elevadores não funcionam. Os que funcionam têm guardas armados à porta e servem apenas a alta burguesia. As galerias subterrâneas, onde deveriam ser instaladas garagens e oficinas, ginásios e supermercados, foram ocupadas por toda a sorte de marginais e deserdados: junkies, catorzinhas, pequenos ladrões sem futuro, mutilados de guerra, meninos-feiticeiros. Vivem ali, como ratazanas, em plena escuridão.”
Bartolomeu Falcatoi

A fascinante descrição da Termiteira, o arranha-céus futurista que serve de cenário personagem de Barroco Tropical, obra literária de José Eduardo Agualusa, remete-nos para a imagem de uma Luanda distópica, no ano 2020. Simultaneamente construção e ruína, a Termiteira é o símbolo das contradições sociais, económicas e até mesmo físicas e urbana da sociedade angolana.  Existem diversas Termiteiras espalhadas por Luanda, e o Kimba Sec, é uma delas.

Construído há 52 anos, num período de expansão da cidade e no contexto da utopia de Luanda a cidade moderna, o edifício Kimba Secii e mais conhecido pelo nome pós-colonial, Treme-Treme ficou inacabado e acabou por se transformar em um abrigo de todo o tipo de actividades da cidade. Inventariado como um dos imóveis da cidade em estado de degradação e risco de desabamento, em 2018, as mais de 250 famílias que ali habitavam foram desalojadas do edifício e realojadas em outros locais, deixando-o vazio, entre o risco do desabamento e de voltar a ser ocupado.

É neste contexto, que o colectivo de artistas aqui apresentado faz uma ocupação temporária do edifício, desenvolvendo um conjunto de obras que nasce deste encontro com o escombro e com o vazio, resultando em obras distintas e diversas na sua abordagem, mas com traços comuns – todas nascem de um processo de imersão na memória, nos resquícios de vivências e actividade que se desenrolou do longo destes anos. O treme-treme, ruína contemporânea e território livre torna-se um sítio arqueológico. Os artistas operam como arqueólogos, colectores de fragmentos materiais e imateriais, as ferramentas são a observação, os detritos, os resquícios de um passado muito presente.

O melancólico silêncio e a ausência assumem-se como protagonistas de uma narrativa que desarticula os objectos do seu contexto de objectos do passado, reconfigurando-os e transformando-os em artefactos do presente.

O Kimba Sec emerge como um universo muito próximo do que Faucult definiu como heterotopia: um espaço discursivo que existe em contradição com a ordem estabelecida; um “outro espaço”, um mundo dentro de mundos, perturbador, intenso, incompatível e contraditório. Um espaço que simultaneamente espelha e repele o que está de fora, mas que funciona como uma sombra, objeto das interrogações e inquietações do presente.

A relação entre a produção artística e o espaço arquitectónico em construção ou em ruína nas cidades não é uma experiência nova, e tem permeado uma série de projectos experimentais. Se por um lado a beleza e o mistério da ausência, a arquitectura e o espaço enquanto testemunhos da passagem do tempo remetem-nos a reflexões existenciais como a tomada de consciência da nossa fragilidade enquanto humanos, a degradação e a efemeridade; por outro lado, a existência deste lugar, a sua localização geográfica (no centro da cidade), revela tensões e problemáticas intrínsecas à contemporaneidade como a produção desigual do espaço, concentração de capital, gentrificação e especulação imobiliária.

A exposição Kimba Sec: modernidade fantasma propõe uma reflexão sobre processos de experimentação e sobre o potencial dos aspectos imateriais da arquitectura e do espaço vivido – sobre as “sobreposições espácio-temporais que carregam e que infundem lugares, objectos e situações com uma memória cultural”iii – e que se articulam em formas, linguagens e estéticas distintas. No seu conjunto, as obras extrapolam a simples crítica à estrutura abandonada, e representam o potencial latente de espaços como o treme-treme. Tanto como lugares para interrogar, articular e refletir sobre diversos temas/aspectos da contemporaneidade – sobre o espaço-tempo em que vivemos e em que ocorre a erosão das nossas vidas, e da nossa história, que nos arranha e rói, como também como lugares abertos possibilidades, a imaginação e a formulação de novas poéticas – poéticas do abandono.

Paula Nascimento
Curadora

i Bartolomeu Falcato é uma das personagens principais de Barroco Tropical, obra de José Eduardo Agualusa, 2009
ii Kimba sec nome original do edifício Treme-treme, é de uma região populosa com o mesmo nome, Kimba, na província de Katanga (República democrática do Congo). O espaço tem ainda o nome do antigo primeiro-ministro, Evariste Kimba, morto em 1966.
iii Marta Jecu, in Subtle-Construction, 2012

 

Biografia dos artistas