IN HALO WE TRUST

SANDRA POULSON

IN HALO WE TRUST, 2021

Este projeto é um trabalho de investigação que debate sobre a presença semiótica e factual de instituições ocidentais em todo o globo, ao mesmo tempo que descobre ou revisita informações e desarquiva conhecimentos sobre as relações de colonialidade entre o Ocidente e as nações africanas desde a sua independência. A investigação de Sandra sonda um aspecto particular do seu recente projeto Um Arquivo Angolano (2020): a presença semiótica de entidades salvadoras no contexto de territórios pós-conflito, como os Estados-nação pós-coloniais, como é o caso de Angola.

A instalação investiga a presença visual de “The Halo Trust” no país e a compreensão popular do colete de desminagem da Halo Trust em nossa memória coletiva. Durante a sua pesquisa, Sandra descobriu que a imagem mais associada com a hashtag #Angola, na maior corporação mundial de licenciamento de imagens, era a fotografia da Princesa Diana caminhando por um campo minado no Huambo, no centro de Angola, em janeiro de 1997.

Este dado visual tem sido continuamente a referência mais publicada e disseminada sobre o país pela mídia internacional. Tal descoberta trouxe questões sobre o corpo, o contexto, as representações semióticas visuais e as redes históricas e contemporâneas em jogo entre supostas ex-colônias e impérios coloniais. estórias

Quem escreve a história continuamente? Até que ponto as estórias podem questionar a história? Como o passado está inscrito na terra e como lê-lo? Como a experiência e o conhecimento locais podem se transformar informação? Que órgãos estão autorizados a escrever? Que corpos transmitem essa memória? Que imagens apelam às emoções das pessoas? O que distingue Diana e Sandra Tigica? – Sandra Tigica é a jovem angolana que perdeu a perna numa mina e a princesa Diana pretendia adotar antes da sua morte em Agosto de 1997.

Questões igualmente relevantes surgem ao pesquisar no Google a relação entre a princesa e o Halo Trust do Reino Unido, onde o Google informa que (parafraseando) – como resultado da localização geográfica do endereço IP, alguns resultados podem ter sido ocultados, devido à redundância de informações, entre outros motivos.

Este projeto não tem interesse em direcionar a culpa ou envergonhar entidades/ pessoas/ instituições. É bastante interessante compreender as redes em jogo na nossa memória coletiva e a problemática de tais redes.
Portanto, a instalação trabalha no sentido de incitar conversas produtivas sobre maneiras de navegar por essa memória social coletiva e ter essas discussões como um trabalho em andamento para a cura e avançar de forma produtiva em vez de seguir em frente.